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domingo, junho 26
para atravessar contigo o deserto do mundo
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Sophia de Mello Breyner Andresen
Foto: talk to me de Uwe Bachmann
sábado, junho 25
o tempo
O tempo vai escasseando, enquanto caminha veloz rumo a essa meta que surgiu, tanto por minha vontade como não.
Não o páro, não o sinto ainda, mas sei-o em fuga de mim e das coisas que ainda não tenho para fazer.
E daqui a nada, à distância de um sopro, vou embora...!
Não o páro, não o sinto ainda, mas sei-o em fuga de mim e das coisas que ainda não tenho para fazer.
E daqui a nada, à distância de um sopro, vou embora...!
sexta-feira, junho 24
dá um mergulho
Dá um mergulho no marDá um mergulho sem olhar p'ra trás
Dá um salto no ar
Só para veres do que és capaz
Arrisca mais uma vez
Nem que seja só por arriscar
Nunca se tem muito a perder
Dá um mergulho no mar
Há tantas coisas por fazer
E tantas por inventar
Dá um mergulho no mar
E tu vais ver
Tu vais jogar
Tu vais perder
Tu vais tentar
Mais uma vez
E tu vais ver
E tu vais rir
Tu vais ganhar
Tens pouco tempo para ser só teu
Não esperes nem deixes passar
Essa vontade que quer
Dar um mergulho no mar
Arrisca mais uma vez
Nem que seja só por arriscar
Nunca se tem muito a perder
Dá um mergulho no mar
Há tantas coisas por fazer
E tantas por inventar
Dá um mergulho no mar
E tu vais ver
Tu vais jogar
Tu vais perder
Tu vais tentar
Mais uma vez
Tu vais jogar
E tu vais ver
E tu vais gostar
Tu vais chorar
E tu vais rir
Dá um mergulho no mar
Há-de chegar o dia
Em que vais querer parar
Até chegar esse dia
Quero-te ver a saltar
E tu vais ver
Tu vais jogar
Tu vais perder
Tu vais tentar
Mais uma vez
Tu vais jogar
E tu vais ver
E tu vais gostar
Tu vais chorar
E tu vais rir
Dá um mergulho no mar
Xutos & Pontapés
quinta-feira, junho 23
roma
O teu corpo esbate-se
Nas vielas perdidas
De uma Roma feita cidade
Tão antes de nós...
Traço eterno de uma memória,
Apenas!
Joana G.
s. joão
Hoje é S. João!!
(não encontrei fotos, isto não é normal)
banhada
Quando se quer assustar a colega de casa, há certas coisas, pequenos nadas, que se deve ter em conta; a saber:
1. verificar que a pessoa a assustar não se encontra na casa de banho;
2. caso esteja na casa de banho, ver bem se não está com o chuveiro na mão;
3. se por um acaso, estiver com o chuveiro na mão, ver MUITO BEM se está água a correr;
4. se sim, abortar a operação, por RISCO GRAVE de banhada!
Quem te avisa, é um amigo!
1. verificar que a pessoa a assustar não se encontra na casa de banho;
2. caso esteja na casa de banho, ver bem se não está com o chuveiro na mão;
3. se por um acaso, estiver com o chuveiro na mão, ver MUITO BEM se está água a correr;
4. se sim, abortar a operação, por RISCO GRAVE de banhada!
Quem te avisa, é um amigo!
segunda-feira, junho 20
calor
Está calor... tanto calor que dormir é quase uma utopia...
domingo, junho 19
nada
Era suposto ser tanta coisa e nada é. Olhar e não ver nada, não te ver, a agonia de uma espera que não existe, a dor de uma saudade que não tem retorno...
recordação
Lembranças feitas fotografias. Recordar sequências inteitas de filme da nossa vida é penoso. Prefiro os recortes, sem antes ou depois, que não magoam tanto. O teu olhar preso num ponto para lá da câmara, o teu cabelo sem movimento, o silêncio de um sorriso aberto... ah, não fere tanto... só mesmo se em comparação directa com filme animado, em que te absorvo de novo o andar gingão, a voz envolvente e o olhar que ri, ainda que perdido...
Não é o modo como se recorda que fere, é o que se recorda...
Não é o modo como se recorda que fere, é o que se recorda...
sábado, junho 18
sarcasmo
As palavras vêm agrestesVestidas nessas tristes vestes
Do sarcasmo...
Joana G.
porto sentido
Quem vem e atravessa o riojunto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende até ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
dirigida sobre um monte
no meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria
[refrão]
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa
de Carlos Tê/Rui Veloso
segunda-feira, junho 13
Eugénio de Andrade
Eugénio de Andrade
1923 - 2005
As Mãos e os Frutos
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
sem pressa
Com uma mão à frente e outra atrás...
porém, sem pressa!
domingo, junho 12
saudade
Segue-me noite e dia o teu desejo!...Oiço a tua voz rúbida e cantante
suplicar-me a carícia do meu beijo,
numa teima exigente e perturbante!
E o meu corpo vencido, dominado,
vai tombar doloroso, inconsciente,
sobre a lembrança morna do passado
- e fica-se a sonhar... perdidamente!
Janeiro 1926
Poemas & etc de Judith Teixeira
sábado, junho 11
felicite-se por ser quem é
Ter auto-estima é meio caminho andado para sermos bem sucedidos na vida. Mas ela nada tem a ver com o que possuímos - os nossos talentos, a nossa inteligência, beleza, riqueza, o nosso poder -, mas sim com uma sensação profunda de acerto e harmonia connosco mesmos. É estarmos bem na nossa pele e darmo-nos o direito de não ter a obrigação de corresponder a expectativas dos outros - e de nós próprios - e de não fazer quaisquer juízos de valor. O que implica passar por estados alternados de alegria e tristeza, simpatia e zanga, coragem e medo, sem apelidar uns de "bons" e outros de "maus".
Maria José Costa Félix
in XIS, 11 de Junho de 2005
quarta-feira, junho 8
rumo
Perdida...
Não estou,
Se saber onde queria estar
É rumo.
Triste, apenas!
Joana G.
Foto: Neverending de Keith Ruddell
soneira
Deitar cedo e cedo erguer... Bah... Tenho SONO!!!!
Está certo que me deitei tarde, mas... tenho SONO!!!
Está certo que me deitei tarde, mas... tenho SONO!!!
ainda a saudade
"... Tomara que a tristeza lhe convença que a saudade
não compensa e que a ausência não dá paz..."
in Muros, Júlio Machado Vaz
saudades
Tenho saudades do teu corpo
Em mim...
Tenho saudades de quando
Podia ter saudades do teu corpo
Em mim...
Joana G.
Foto: Bernd Mueller
segunda-feira, junho 6
ser
Se tudo pudesse,
Ainda que por um instante apenas,
Ser... somente...
Sê-lo-ia?
Joana G.
Foto: Rumours of Glory de Mark Mahar
domingo, junho 5
fragilidade
Talvez pudesse o tempo pararQuando tudo em nós se precipita
Quando a vida nos desgarra os sentidos
E não espera, ai quem dera
Houvesse um canto para se ficar
Longe da guerra feroz que nos domina
Se o amor fosse como um lugar a salvo
Sem medos, sem fragilidade
Tão bom pudesse o tempo parar
E voltar-se a preencher o vazio
É tão duro aprender que na vida
Nada se repete, nada se promete
E é tudo tão fugaz e tão breve
Tão bom pudesse o tempo parar
E encharcar-me de azul e de longe
Acalmar a raiva aflita da vertigem
Sentir o teu braço e poder ficar
E é tudo tão fugaz e tão breve
Como os reflexos da lua no rio
Tudo aquilo que se agarra e já fugiu
É tudo tão fugaz e tão breve
Mafalda Veiga
bem maior
Ouvíamos Mafalda Veiga, chovia lá fora, ou não, não sei já, os nossos corpos enlaçados, movendo-se pela sala, embalados nessa melodia aguda de um bem maior, que nunca vimos, porque quiseste sair!
linha
Ouço-te do outro lado de uma linhaApagada,
Um pedaço de vida, história minha
Quebrada!
Joana G.
desejos de verão
sexta-feira, junho 3
saudade
A saudade toma forma: pinheiros verdes
na montanha longínqua que me tapa a vista,
a flutuarem numa névoa
de lágrimas.
na montanha longínqua que me tapa a vista,
a flutuarem numa névoa
de lágrimas.
Saiónji Sanekane - Japão, séc. XIII
Tradução de Stephen Reckert
Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro
Foto: Southern Japan Alps de Peter Gehr
quarta-feira, junho 1
os outros
"Exige muito de ti e espera pouco dos outros."
- Confúcio -
"Felizes daqueles que nada esperam porque não serão desiludidos."