domingo, novembro 27

perfume

Havia um perfume estranho no ar. Ele sentia-o. Quase uma presença. A presença dela. Ela, nesse aroma que agora ele sentia no ar. Aproximou-se da janela. Chovia. Chove sempre, nestes dias em que as recordações batem à porta. Mas não eram recordações. Era só a impressão de um aroma. Só a ideia de um perfume há muito esquecido no frasco. Talvez se escondesse numa qualquer peça de roupa, abandonada, que ele se recusara a arrumar. Talvez se soltasse da marca já quase inexistente do corpo dela nos lençóis. Talvez vivesse nos lábios dele, desde o último beijo, que lhe soubera tão a ela. Esse beijo rápido, de um "até já", que crescera para um "nunca mais" não dito. O perfume dela, na despedida que não houve...

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