segunda-feira, maio 9

telefonar

O riso dele ecoava na sua solidão, frio, e ele sentia-o nas entranhas. Queria ouvi-la perguntar "Porque ris?", mas estava só. Por onde ela andava, não sabia. Podia telefonar. Podia. Mas não sabia como. Às vezes, acontecia-lhe isto. As palavras ficavam presas no fundo da boca, na melhor das hipóteses enrolavam-se até mais não serem que frases aleatórias que ele não queria dizer. Sabia que, por esta altura, ela estaria a olhá-lo, olhos presos nele, sorriso leve nos lábios que ele conhecia de cor, e perguntaria "Em que pensas?"... Mas ela não estava ali.
Não ia telefonar, porque não sabia como. Só sabia o que ela lhe diria "Ligas... e dizes 'olá'!".

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