terça-feira, dezembro 28

há muito tempo

Vir a casa nas férias revela-se sempre um período de descobertas e redescobertas. Passeava os olhos pela estante e encontrei o livro 800 Anos de Poesia Portuguesa, uma relíquia da minha mãe, adquirido em 1973. Deixo-vos com um dos poemas preferidos do meu pai.

Cantiga, Partindo-se

Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tão tristes, tão saudosos
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes
tão fora d'esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

João Roiz de Castelo-Branco
(dos Trovadores aos Cancioneiros - séc. XII a XV)

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